Três exemplos da “burrocracia” brasileira

12/03/2013 17:24

Não foram apenas o lirismo e a sífilis que herdamos dos irmãos portugueses. Uma boa dose da burocracia lusitana também – eu diria, aperfeiçoamos. Tudo, por aqui, tem mesmo que ser “selado, registrado, carimbado, avaliado, rotulado”. Se não, você não sai do lugar.

 

Situação I

Os Correios deixam um aviso de que há uma encomenda aguardando retirada. Você vai à agência indicada com sua identidade – exigência legal – mas não consegue retirar a encomenda que é sua porque não levou o aviso. Claro, isso depois de ter feito a atendente (do CDD Abranches/São Lourenço) a interromper o passeio do lado de fora para te atender. No dia seguinte, só de pirraça, você picota o aviso deixado pelo carteiro de forma que não sobre uma única informação inteligível. E diz que seu cachorro rasgou. Você recebe sua encomenda tranquilamente, mesmo sem o aviso, que, afinal, todos sabemos ser desnecessário, já que os próprios Correios inventaram um rastreamento pela internet em tempo real que te permite localizar e buscar sua encomenda sem nenhum pedaço inútil de papel.

 

Situação II

Você telefona para cancelar o seu plano de saúde. É preciso comparecer ao escritório (Amil, av. República Argentina), um pedido de próprio punho e cópias do CPF, RG e comprovante de endereço. Você passa na papelaria – não depois de ter rodado um bom tempo até conseguir vaga para estacionar – e tira as cópias. Espera meia hora para ser atendido. Preenche a carta de próprio punho, na verdade um formulário impresso, e entrega as cópias… que são escaneadas e devolvidas. Não seria mais fácil, lógico, óbvio, escanear os próprios documentos?

 

Situação III

Você vai renovar – eu disse renovar – sua carteirinha no Sesc (da Esquina). É preciso contracheques recentes e comprovante de endereço. Óbvio, o Sesc é um serviço para empregadores associados. Se você não trabalha mais naquela empresa… Mas e o RG, que só muda de Estado para Estado? E o CPF, que é único e você já levou na primeira matrícula? Para quê a exigência de documentos que já estão no banco de dados? A carteirinha não é liberada pela atendente.

 

Motivos:

1) Ignorância?

2) Burrice?

3) Pequeno poder?

4) Má vontade?

5) Todas as anteriores.

 

Fonte: https://terceirocaderno.wordpress.com/2011/08/30/tres-exemplos-da-burrocracia-brasileira/